terça-feira, 10 de maio de 2011

1º Trail do Castelo de Abrantes

A primeira edição de qualquer evento implica sempre 'arestas a limar'. Este Trail não foi excepção. Mas vou tentar lembrar-me apenas dos aspectos positivos porque os negativos já foram debatidos e serão decerto corrigidos em 2012. O esforço e coragem dos membros do COA para se lançarem em Abrantes nesta organização numa modalidade ainda tão pouco divulgada devem ser admirados!
Tudo a que tivémos direito:


Logo para começar o pelotão precipitou-se numa descida para, só passados uns bons 300m, alguém na cauda se aperceber de que todos os atletas haviam falhado a viragem…!! Alguns gritos e assobios depois, começaram a cavalgar na direcção oposta e retomaram o trilho certo. Nada que seja inédito neste tipo de provas, a não ser o facto de ter ocorrido logo na PRIMEIRA viragem!:) Os troços iniciais da prova ficaram-me gravados por dois motivos: muita pedra solta e roliça, o que acrescentava emoção nas subidas mas sobretudo nas descidas(!) e um aroma forte a todas as ervas aromáticas que compõem a vegetação nesta época do ano..!

Numa das passagens em viadutos sob a A23, houve oportunidade de refrescar os pés (outras opções: 'até ao joelho', 'até à cintura' ou 'corpo todo' também estavam disponíveis, conforme a trajectória escolhida dentro da ribeira ). No briefing inicial já tinham dado a dica: "ao saltar para a ribeira, à saída do túnel, façam-no para a esquerda, porque à direita ficarão imersos até à cintura". E era mesmo assim. Mesmo com a água pouco turva e boa visibilidade, muitos foram os que, com as ganas de correr, trocaram a esquerda pela direita e refrigeraram tudo a que tinham direito, para não falar dos que tropeçavam nas pedras do leito…!! Sorte que nada choveu nos dias anteriores, senão a única opção disponível seria 'até ao pescoço'!). Pés ensopados e algumas pedras nas sapatilhas, lá se retomou o sobe e desce nas encostas de pedra solta.

Já em Alferrarede, a organização assegurou a passagem no interior de uma quinta, hoje em dia dedicada à produção de Azeite, e cujas casas, estábulos e armazéns de fachadas impecavelmente conservadas mantêm a arquitectura tradicional desta região e em tudo semelhante às que se encontram no Alto Alentejo. Muitos pontos para esta passagem!

O primeiro abastecimento sólido, aos 23kms, estava munido de fruta como eu gosto. Laranjas aos quartos e bananas cortadas fazem maravilhas para confortar o estômago para mais uns quilómetros. O troço seguinte foi plano, em direcção ao Tejo e ao 'Aquapolis', a zona fluvial de Abrantes. A alegria e agitação do pessoal da canoagem (era dia de campeonato nacional), contrastava com a pouca energia que eu levava nas pernas… e ainda faltava a diabólica subida ao castelo...

A organização tinha preparado a pior das 'paredes' para que trepássemos à fortaleza… Conheço três ou quatro caminhos para subir mas o trajecto escolhido fez uso da encosta mais íngreme, frente à escola preparatória (lá estudei 2 anos, era pequeno). Não se colocou pé em nada semelhante a uma vereda ou caminho, tudo era trilho inventado, erva cortada/acamada e umas fitas dispersas pelo mato seco daquela encosta...


Já no interior das muralhas, à sombra de um gigantesco plátano, estava montado o segundo abastecimento. Não houve muito tempo para ver as vistas nem oportunidade de subir à torre de menagem porque era tempo de sair e cruzar as ruas da cidade. Nesta fase seguia a par com outro atleta, José Gabriel, íamos na conversa quando reparámos noutro atleta à beira de uma carrinha de venda ambulante. Estava a comprar….bolos?!! Radiante, de saco de plástico na mão, soltou um sorridente "quem vai para o mar avia-se em terra!" e seguiu atrás de nós no seu ritmo. Ali naquele momento tive pena de não levar dinheiro porque me estava mesmo a apetecer uma boa tigelada!!!  :)

Rumávamos novamente ao Tejo, desta vez para um valente sobe e desce na encosta com vista para o rio e para o açude insuflável. Existiam por ali mais marcações, algumas fitas a demarcar um percurso de btt downhill, o que só confirmava o que as minhas pernas já sabiam: as subidas eram mesmo agressivas… 

Ao lado do complexo desportivo, junto às piscinas, estava montado o último abastecimento. O banho e o almoço eram ali mesmo mas nem todos o sabiam e os 3 /4km que faltavam eram para cumprir! Pouco mais à frente, abaixo do quartel do exército, vejo alguém deitado numa clareira ao lado do trilho. Perguntei; não era lesão, deve ter sido um desejo súbito de uma sesta! Os quilómetros já pesavam… Logo a seguir pisava-se novamente o alcatrão e lá estava a segunda indicação mais desejada do dia: ULTIMO KM  Era uma recta na direcção do parque urbano que eu tinha abandonado faziam já 4h30!… 

No parque fomos presenteados com mais uns ziguezagues no passadiço de madeira e pela imposição de contornar o lago artificial, o castigo ainda não tinha acabado(?) Só ecoava uma voz pelo parque, a de uma atleta cheia de força que incentivava os que iam chegando. E lá cheguei à meta, sem medalha nem aplausos mas contente por ter terminado e mais ainda por ir almoçar… isto do Trail abre bem o apetite!

Alguns pormenores:

Pormenor da passagem por BAIXO da A23 na encosta do vale de Rio de Moinhos


Pormenor da partida (com engano colectivo na primeira viragem!)e chegada ao Parque Urbano de S.Lourenço



Ultima hora: Videos partilhados pelo atleta Jorge Serrazina no FB do COA



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