A primeira edição de qualquer evento implica sempre 'arestas a limar'. Este Trail não foi excepção. Mas vou tentar lembrar-me apenas dos aspectos positivos porque os negativos já foram debatidos e serão decerto corrigidos em 2012. O esforço e coragem dos membros do COA para se lançarem em Abrantes nesta organização numa modalidade ainda tão pouco divulgada devem ser admirados!
Logo para começar o pelotão precipitou-se numa descida para, só passados uns bons 300m, alguém na cauda se aperceber de que todos os atletas haviam falhado a viragem…!! Alguns gritos e assobios depois, começaram a cavalgar na direcção oposta e retomaram o trilho certo. Nada que seja inédito neste tipo de provas, a não ser o facto de ter ocorrido logo na PRIMEIRA viragem!:) Os troços iniciais da prova ficaram-me gravados por dois motivos: muita pedra solta e roliça, o que acrescentava emoção nas subidas mas sobretudo nas descidas(!) e um aroma forte a todas as ervas aromáticas que compõem a vegetação nesta época do ano..!
Numa das passagens em viadutos sob a A23, houve oportunidade de refrescar os pés (outras opções: 'até ao joelho', 'até à cintura' ou 'corpo todo' também estavam disponíveis, conforme a trajectória escolhida dentro da ribeira ). No briefing inicial já tinham dado a dica: "ao saltar para a ribeira, à saída do túnel, façam-no para a esquerda, porque à direita ficarão imersos até à cintura". E era mesmo assim. Mesmo com a água pouco turva e boa visibilidade, muitos foram os que, com as ganas de correr, trocaram a esquerda pela direita e refrigeraram tudo a que tinham direito, para não falar dos que tropeçavam nas pedras do leito…!! Sorte que nada choveu nos dias anteriores, senão a única opção disponível seria 'até ao pescoço'!). Pés ensopados e algumas pedras nas sapatilhas, lá se retomou o sobe e desce nas encostas de pedra solta.
Já em Alferrarede, a organização assegurou a passagem no interior de uma quinta, hoje em dia dedicada à produção de Azeite, e cujas casas, estábulos e armazéns de fachadas impecavelmente conservadas mantêm a arquitectura tradicional desta região e em tudo semelhante às que se encontram no Alto Alentejo. Muitos pontos para esta passagem!
O primeiro abastecimento sólido, aos 23kms, estava munido de fruta como eu gosto. Laranjas aos quartos e bananas cortadas fazem maravilhas para confortar o estômago para mais uns quilómetros. O troço seguinte foi plano, em direcção ao Tejo e ao 'Aquapolis', a zona fluvial de Abrantes. A alegria e agitação do pessoal da canoagem (era dia de campeonato nacional), contrastava com a pouca energia que eu levava nas pernas… e ainda faltava a diabólica subida ao castelo...
A organização tinha preparado a pior das 'paredes' para que trepássemos à fortaleza… Conheço três ou quatro caminhos para subir mas o trajecto escolhido fez uso da encosta mais íngreme, frente à escola preparatória (lá estudei 2 anos, era pequeno). Não se colocou pé em nada semelhante a uma vereda ou caminho, tudo era trilho inventado, erva cortada/acamada e umas fitas dispersas pelo mato seco daquela encosta...
Pormenor da passagem por BAIXO da A23 na encosta do vale de Rio de MoinhosJá no interior das muralhas, à sombra de um gigantesco plátano, estava montado o segundo abastecimento. Não houve muito tempo para ver as vistas nem oportunidade de subir à torre de menagem porque era tempo de sair e cruzar as ruas da cidade. Nesta fase seguia a par com outro atleta, José Gabriel, íamos na conversa quando reparámos noutro atleta à beira de uma carrinha de venda ambulante. Estava a comprar….bolos?!! Radiante, de saco de plástico na mão, soltou um sorridente "quem vai para o mar avia-se em terra!" e seguiu atrás de nós no seu ritmo. Ali naquele momento tive pena de não levar dinheiro porque me estava mesmo a apetecer uma boa tigelada!!! :)
Rumávamos novamente ao Tejo, desta vez para um valente sobe e desce na encosta com vista para o rio e para o açude insuflável. Existiam por ali mais marcações, algumas fitas a demarcar um percurso de btt downhill, o que só confirmava o que as minhas pernas já sabiam: as subidas eram mesmo agressivas…
Ao lado do complexo desportivo, junto às piscinas, estava montado o último abastecimento. O banho e o almoço eram ali mesmo mas nem todos o sabiam e os 3 /4km que faltavam eram para cumprir! Pouco mais à frente, abaixo do quartel do exército, vejo alguém deitado numa clareira ao lado do trilho. Perguntei; não era lesão, deve ter sido um desejo súbito de uma sesta! Os quilómetros já pesavam… Logo a seguir pisava-se novamente o alcatrão e lá estava a segunda indicação mais desejada do dia: ULTIMO KM Era uma recta na direcção do parque urbano que eu tinha abandonado faziam já 4h30!…
No parque fomos presenteados com mais uns ziguezagues no passadiço de madeira e pela imposição de contornar o lago artificial, o castigo ainda não tinha acabado(?) Só ecoava uma voz pelo parque, a de uma atleta cheia de força que incentivava os que iam chegando. E lá cheguei à meta, sem medalha nem aplausos mas contente por ter terminado e mais ainda por ir almoçar… isto do Trail abre bem o apetite!
Alguns pormenores:
Pormenor da partida (com engano colectivo na primeira viragem!)e chegada ao Parque Urbano de S.Lourenço
Ultima hora: Videos partilhados pelo atleta Jorge Serrazina no FB do COA
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